1 Líquido extracelular (LEC): o ambiente interno
Já foi exposto que todo o líquido que não está no interior das células é o líquido extracelular. Cabe reforçar que o sangue (plasma), o líquido intersticial e a linfa são líquido extracelular. Por outro lado, o líquido sinovial, pericárdico, pleural, peritoneal, intra-ocular e o líquor são designados de transcelular; embora esteja na mesma condição de líquido extracelular, possui composições e funções específicas, diferenciando-o da mesma designação de extracelular, mas sim transcelular. Todavia, nesse contexto, será abordado o líquido extracelular compreendido pelo plasma e pelo líquido intersticial.
O LEC representa 1/3 do total do líquido existente no corpo. Esse líquido está em constante movimento e mistura (entre sangue e interstício), objetivando o equilíbrio funcional celular. É neste líquido que todos os nutrientes indispensáveis às células estão submersas, motivo pelo qual é designado de meio interno. Sem sua existência as células não sobreviveriam. Sendo assim, a composição do plasma e do líquido intersticial, graças às constantes misturas, são praticamente iguais.
2 Líquido intracelular (LIC)
Localizado no interior das células, ele comporta 2/3 do contingente de líquido existente no corpo humano. Portanto, é um verdadeiro reservatório de água.
As concentrações do LIC são semelhantes entre as células e mantidas constantes (estáticas). Sendo assim, os constituintes que determinam as concentrações do LIC provêm do LEC (plasma e após interstício).
Em ambos os compartimentos (LIC e LEC) existem concentrações diferentes de nutrientes, os quais são descritos na sequência.
2.1 Concentrações e constituintes dos líquidos orgânicos
Embora estranho, o princípio do equilíbrio funcional é a diferença de concentrações entre os constituintes do LIC e do LEC. É graças a essas diferenças entre os meios que se mantêm vida. Veja as concentrações de cada um dos meios em particular.
Fig.2 – composição dos compartimentos líquidos.
2.2 Regulação das trocas líquidas entre o LIC e o LEC
A membrana celular é altamente permeável à água, mas muito pouco a alguns solutos menores como o sódio e o cloro. Esses íons ou solutos possuem efeito osmótico, caracterizado pela propriedade de atrair a água. Portanto, a água está em constante movimento entre os meios (LIC e LEC), a fim de tornar os meios isotônicos.
2.2.1 Osmose: consiste no movimento ou deslocamento da água do meio onde a mesma está em maior concentração (volume) para outro no qual a concentração de água esteja em menor quantidade. Todavia, a água somente se movimenta pelos canais das membranas ou poros dos capilares, segundo a concentração de soluto no LIC e no LEC. Logo, para que a água se movimente far-se-á necessário a existência da diferença de concentração entre as moléculas de um soluto entre os meios. Sendo assim, consideremos os exemplos a seguir:
Exemplo 1: uma célula in vitro foi colocada em teste. Ela submergida em um frasco contendo uma solução salina de alta concentração.
Sabendo que o líquido o qual banha esta célula possui muito sódio e a célula possui sódio em concentração inferior ao do meio externo, a osmose ocorrerá no sentido: a água se moverá para o compartimento que banha a célula (LEC), ocasionando desidratação celular. Isso se dá pelo fato do sódio possuir propriedades osmóticas (atraem as moléculas de água).
Resumindo: a água se desloca do interior da célula (LIC) que estava com menor concentração de sódio, para o meio de maior concentração de sódio (meio externo), a fim de equilibrar os meios – diluir.
Exemplo 2: uma célula in vitro foi submergida em um recipiente contendo apenas água se qualquer soluto. Agora, o líquido que banha a célula não possui nenhuma molécula osmótica, mas o interior da célula sim (sódio + proteínas). Logo, a osmose assim se comportará: a água do meio externo será deslocada para o interior da célula, ocasionando seu “inchaço” – edema. Isso se dá pelo fato de não existir, no líquido em torno da célula, nenhuma molécula osmótica. No LIC, há sódio e proteínas que atraem a água.
Resumindo: a água se deslocou do meio de menor concentração de soluto para o meio de maior concentração de soluto, a fim de diluir e equilibrar os meios.
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